
Memórias e narrativas dos habitantes de Foz do Iguaçu
Histórias de vida na fronteira é uma pesquisa que tem como foco as narrativas dos habitantes da cidade de Foz do Iguaçu acerca de suas experiências vivenciais num espaço fronteiriço, e a partir destas traz um estudo da cultura, da identidade e da memória local. O objetivo do estudo foi colher histórias, ou Histórias de Vida, de seis dos seus habitantes com ênfase na relação que estes estabelecem com a zona de fronteira.
Conhecer mais da pesquisaTereza Donat Bresolin, é uma dessas pessoas pouco comuns em Foz do Iguaçu, às que nasceram aqui. A cidade das Cataratas é caracterizada pela diversidade cultural consequência da chegada de migrantes de diferentes partes do mundo e outras regiões do Brasil. Foram os pais da Tereza que vieram do Rio Grande do Sul e se estabeleceram para conformar sua família. Ela não só nasceu, se criou e morou sempre aqui, até hoje.
Felícia Raniolo nasceu em 6 de julho de 1945 em Assunção, Paraguai. Quando terminou o ensino médio, casou-se e veio com o marido para Foz do Iguaçu. O ano era 1964, e ela tinha 18 anos. Seu sogro comprou um terreno e construiu uma loja, quatro de seus seis filhos vieram trabalhar, incluindo Mohamed Canán, marido da Felícia. Todos moravam e trabalhavam juntos na loja La Paz, uma das primeiras grandes lojas de roupas finas da cidade, enquanto testemunhavam o crescimento de Foz do Iguaçu e as transformações de uma de suas principais avenidas: a Brasil. Felícia relembra sua chegada a esta terra e suas experiências nas últimas seis décadas.
Nélida Canán , é cunhada da Felícia, irmã de Mohamed. Ela nasceu em 20 de julho de 1934 em Buenos Aires, Argentina. Filha de mãe argentina e pai árabe, chegou em Foz do Iguaçu em 1960, quatro anos antes da Felícia e do marido. Seu pai chegou do Líbano e se estabeleceu na Argentina, onde conheceu sua mãe, e já com três filhos, entre eles Nélida, decidiram ir para Assunção, no Paraguai, onde montaram um negócio de confecções. Ela não se lembra exatamente quantos anos tinha, mas estima que tenha entre 8 e 10 anos. Mas a sua chegada em Foz e as experiências dos primeiros anos recorda-se bem.
Osmar Pumi nasceu em Sobradinho, no Rio Grande do Sul, e morou em Barra Grande, no município de Tenente Portela no mesmo estado, até os vinte anos de idade. Partiu de lá em busca de melhores condições de vida e chegou a Foz do Iguaçu em 1960. Aqui achou terra boa e sol durante todo o dia: isso foi o suficiente para que ficasse, trouxesse os seus pais e irmãos, mais tarde sua namorada, e estabelecesse sua família. Osmar tem sido testemunha da história de Foz do Iguaçu, principalmente das mudanças na cidade a partir da construção da usina de Itaipu, no cotidiano de sua vida.
Otilde Borba nasceu no Rio Grande do Sul e veio para Foz do Iguaçu com seu marido, Osmar Pumi, para começarem uma vida como casal. Ela explica que a mudança foi difícil, pois antes morava na cidade, e aqui veio para uma colônia. Tudo era bem distante, tudo era mato, as casas eram bem precárias, então foi bem difícil se habituar à nova vida. Além disso, em Foz as pessoas tinham outros costumes, mas aos poucos ela foi se adaptando. Otilde se lembra dos primeiros anos aqui como muito sofridos e com muito trabalho, inclusive estando grávida.
Mohsen Alk é do Líbano, chegou no Brasil o dia 19 de junho de 1960, no Porto dos Santos, com 20 anos, e morou em São Paulo até 1984, quando veio para Foz do Iguaçu, atualmente a cidade com a segunda maior comunidade árabe-muçulmana do Brasil. Aqui, na cidade brasileira da Tríplice Fronteira, se estabeleceu e conformou sua família.
Reinilda Spies da Silva, nasceu em Santa Rosa, Rio Grande do Sul, em 30 de outubro de 1958, e veio para o Paraná em 1959, quando ainda tinha dez meses de idade, junto com seus pais: Olivia Katarina Brisners e Alfonso Leopoldo Spies, ambos dois de ascendência alemã, em busca de terras planas, boas, para a agricultura. Ela morou em São Miguel de Iguaçu até os 18 anos, depois veio para Foz do Iguaçu e fez sua vida adulta.
Para facilitar o acesso à pesquisa, ela foi diagramada em formato de revista digital e pode ser baixada em arquivo PDF, para que os interessados possam ter as informações consigo sem a necessidade de acesso à internet.
Yulliam Moncada possui mestrado Interdisciplinar em Estudos Latinoamericanos pela Universidade Federal da Integração Latino-americana UNILA (2021) em Brasil e graduação em Comunicação Social com menção em Desenvolvimento Humanístico pela Universidad de Los Andes, Táchira, Venezuela (2006).
Tereza Donat de Brezolin, Iracema Donat de Wandscheer, Jean Brezolin, Osmar Pumi, Otilde Borda, Felicia Raniolo de Canán, Nélida Canán, Mohsen Alk, Yaldez Taouz, Ali Fayed, Reinilda Spies da Silva, José Ramón Castillo, Estela Rocha, Andrés Rodríguez, Fundação Cultural de Foz do Iguaçu, Centro de Convivência do Idosso Afra Roth, Fundação Nosso Lar
Esta iniciativa é realizada pela sociedade civil e recebeu recursos do Fundo Municipal de Incentivo Cultural por meio de edital realizado pela Prefeitura de Foz do Iguaçu e Fundação Cultural de Foz do Iguaçu